Em um episódio que evidencia a tensão entre o poder público e o setor produtivo de Campos dos Goytacazes, dez entidades de classe emitiram uma nota de repúdio nesta quinta-feira (23) contra uma declaração do prefeito Wladimir Garotinho. A controvérsia surgiu após o prefeito responder a uma moradora da localidade de Campo Novo, que questionava as precárias condições da estrada que atende à região.
Na ocasião, o prefeito teria afirmado: “A estrada eu já recapeei duas vezes, o que sempre destrói são as carretas do SuperBom. Já foram lá reclamar com eles?”. A fala foi interpretada pelas entidades como uma tentativa de transferir a responsabilidade da gestão pública para a iniciativa privada, especificamente ao grupo Barcelos Atacadista, responsável pela marca SuperBom, um dos principais empregadores da cidade.
A nota conjunta, assinada por ACIC, AEC, AIC, ASFLUCAN, CDL, ASSIERJ, SICCC, SINAERJ, Sindicato Rural e Sindivarejo, destaca que se a prefeitura tem conhecimento do intenso fluxo de caminhões na região, é sua obrigação realizar um recapeamento adequado e compatível com o tráfego. As entidades também criticaram o tom considerado inadequado e desrespeitoso do prefeito, que, segundo elas, desqualifica as demandas da população e fragiliza a relação com o setor empresarial.
“Ao minimizar as críticas e responsabilizar uma empresa local, o prefeito desconsidera seu papel institucional e compromete a relação entre o poder público, a sociedade e o setor produtivo”, afirma a nota. “Transferir a responsabilidade pela degradação de vias a quem movimenta a economia local é um equívoco grave, que enfraquece o ambiente de negócios e desrespeita quem investe no município.”
Este episódio ocorre em um contexto político delicado, com Wladimir Garotinho buscando a reeleição em 2024. A reação das entidades de classe pode impactar sua relação com o empresariado local e influenciar o cenário eleitoral.
Até o momento, a prefeitura não se pronunciou oficialmente sobre a nota de repúdio. A expectativa é que o prefeito esclareça sua posição e busque um diálogo construtivo com as entidades representativas da cidade.
Fonte: ClickCampos