Vice de Trump é vaiado ao chegar a concerto em Washington

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O vice -presidente dos Estados Unidos, J. D. Vance, foi vaiado pela plateia ao ocupar seu lugar em concerto no Kennedy Center, em Washington, na noite desta quinta-feira (13).

 

Os músicos da Orquestra Sinfônica Nacional já estavam posicionados no palco prestes a iniciar o espetáculo quando a comitiva de Vance chegou. Um vídeo mostra quando o vice de Donald Trump se senta no balcão do teatro ao lado da esposa, Usha, e as vaias começam.

“Você arruinou este lugar!”, alguém diz na plateia.

Vance, que já disse duvidar que as pessoas ouçam música clássica por prazer, acenou com um sorriso. Todos na plateia passaram por verificação de segurança completa do Serviço Secreto antes de entrar no centro nacional de artes cênicas dos EUA, atrasando o início do concerto em 25 minutos.

Vance, um convertido ao trumpismo, assumiu um papel inédito nessa largada de governo. Ele assumiu a linha de frente ao lado do chefe no massacre ao vivo do líder ucraniano, Volodimir Zelenski, que visitava a Casa Branca em busca de um acordo que levasse a um cessar-fogo na guerra contra a Rússia.

O vice interveio mais de uma vez no já acalorado debate entre os dois presidentes e questionou se Zelenski pensava em agradecer alguma vez pelos quase R$ 700 bilhões que os EUA já enviaram em ajuda rastreável para Kiev resistir à invasão de Vladimir Putin.

“Você já disse obrigado?”, disse Vance cobrando o visitante. “Eu acho desrespeitoso você vir aqui no Salão Oval e dizer essas coisas em frente à mídia americana”, completou. A embaixadora ucraniana nos EUA, Oksana Markarova, afundou a cabeça entre as mãos na plateia.

As declarações do vice-presidente americano na Conferência de Segurança de Munique, em fevereiro, também deixaram os líderes do continente europeu em choque.

Uma plateia formada em boa parte por lideranças da Europa -ávidos por uma sinalização de que os EUA continuavam a apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia- acompanhou em silêncio enquanto Vance ignorava o conflito no Leste Europeu, fazia acenos à extrema direita e criticava políticas de regulação das redes sociais. “A ameaça que me preocupa é a interna”, disse ele.

A plateia ouviu em silêncio a maior parte do tempo, num testemunho do incômodo que o conteúdo das falas de Vance causava.

Vance disse, por exemplo, que a liberdade de expressão estava em recuo na Europa. Ao destacar a centralidade que esse tema tem para a gestão Trump, sentenciou que “em Washington, há um novo xerife na cidade”, expressão em inglês que, nesse caso, quis transmitir a ideia central do vice: Trump está de volta e a bagunça (ou o que o novo governo chama de bagunça) acabou.

Se continuar com o destaque atual, Vance romperá uma tradição americana, que é a de o vice ser decorativo.