Teste de novo sistema de alerta de desastres começa sábado em 11 cidades; saiba como vai funcionar

Usuário não precisará de cadastro para receber avisos, basta ter um celular comprado depois de 2020 e acesso a redes 4G ou 5G. Alerta vai ‘pular’ na tela do aparelho. Inundações em municípios do Vale do Taquari como Roca Sales fazem moradores temerem fuga de empresas e empobrecimento da região
GUSTAVO MANSUR/GOVERNO DO RIO GRANDE DO SUL
O governo federal lançou nesta quarta-feira (7) a fase de testes do novo sistema de alerta de desastres, que vai emitir sons e mensagens “intrusivas” em caso de desastres. Os testes serão realizados no sábado (10), em 11 cidades do Sul e Sudeste.
Segundo o diretor do Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres (Cenad), Armin Braun, a operação-piloto terá a duração de 30 dias.
Veja quais serão as cidades:
Roca Sales (RS)
Muçum (RS)
Blumenau (SC)
Gaspar (SC)
Morretes (PR)
União da Vitória (PR)
São Sebastião (SP)
Cachoeiro do Itapemirim (ES)
Indianópolis (MG)
Petrópolis (RJ)
Angra dos Reis (RJ)
Como será o teste?
O teste será realizado no sábado (10), às 15h. Os habitantes das 11 cidades escolhidas vão receber um alerta de demonstração em seus celulares. A demonstração terá duração de uma hora, com alertas a cada cinco minutos.
Na tela do celular, a seguinte mensagem deve aparecer (no exemplo, a pessoa está no município de Roca Sales, no Rio Grande do Sul):
Defesa Civil: DEMONSTRACAO do novo sistema de alerta de emergencia em ROCA SALES/RS. Mais informacoes, consulte o site DEFESA CIVIL ALERTA
O alerta vai “pular” na tela do celular, sobrepondo-se a qualquer conteúdo que o usuário esteja acessando no momento, como redes sociais e plataformas de vídeo, por exemplo.
Também haverá a emissão de sinais sonoros, como no vídeo abaixo:
‘Alerta invasivo’ nos celulares: veja como vai ser
“Esse teste ficará em duração por 30 dias porque será observado todo o funcionamento dele com as prefeituras. E o alerta que será dado é uma mensagem que não diz respeito a um evento [de risco]. O alerta de sábado é uma mensagem generalizada, e não tem nenhum evento previsto para acontecer em nenhuma cidade dessas, pelo menos até agora, com as informações que nós temos, nesse dia 10”, afirmou o ministro da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes.
Segundo o ministro, contudo, caso haja algum risco de desastre no período de testes nessas 11 cidades, o alerta pode ser disparado.
Alerta de emergência vai ‘pular’ na tela do celular em sistema que será lançado até dezembro
Quem poderá receber os alertas?
Os alertas serão feitos nas redes das operadoras Vivo, Claro e TIM. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), outras empresas regionais também devem implementar a tecnologia.
Para receber o sinal, é preciso ter um celular comprado depois de 2020 – cujos modelos já são compatíveis com a tecnologia – e acesso às redes 4G ou 5G das operadoras.
O secretário de Telecomunicações, Hermano Tercius, está em estudo a implementação de “roaming” entre as operadoras.
Isso quer dizer que, se um cliente da Vivo, por exemplo, estiver na área de cobertura da Claro, ainda assim poderá receber os alertas.
“Quando tem uma situação de desastre, normalmente o que a gente faz é exigir que as prestadoras abram esse roaming no desastre, como teve lá no Rio Grande do Sul. Então, em cidades em que tinha o sinal só de uma prestadora, todos os usuários poderiam usar o serviço”, afirmou.
Segundo Tercius, no caso desse sistema de alertas, a Anatel estuda implementar um “roaming automático”. “É uma coisa que tecnicamente não é tão simples, por isso está em estudo”, declarou.
Quando o sistema estará disponível?
Depois do período de testes, o governo vai realizar ajustes adicionais que se mostrem necessários e lançar o sistema para todas as cidades do Brasil. A data exata não foi confirmada.
Góes, no entanto, ressalta que a adoção do sistema será gradativa e dependerá do treinamento das defesas civis dos municípios para operar os alertas.
“O sistema vai estar disponível a 100% das cidades brasileiras, mas 100% das cidades brasileiras não estão preparadas para receber o sistema”, declarou.
O ministro disse que o sistema vai estar a serviço dos municípios, mas a implantação será gradativa.
“Vai ter estado que vai avançar mais rapidamente porque tem vivido mais problemas, tem estruturado melhor as defesas civis, tem maior cultura de lidar com riscos e com desastres e logicamente que vão querer instalar mais rapidamente esse sistema de alerta.”
Em paralelo à implementação desse sistema, a Anatel e o governo também estudam a emissão de alertas via TV aberta e rádios comunitárias, para ampliar o acesso para as pessoas que não possuem celulares mais novos ou não estão cadastradas via SMS.