Quem era Piruinha, bicheiro campista mais antigo da cúpula do jogo no Rio e pai de 27 filhos

José Caruzzo Escafura morreu nesta quarta-feira (22)

Piruinha é uma figura histórica e emblemática do jogo do bicho no Rio de Janeiro, especialmente reconhecido pela sua discreta e eficiente gestão do império criminoso, que se estendeu por diversas comunidades da Zona Norte carioca. Sua trajetória começa nos anos 50, quando era motorista de lotação, mas se consolidou nas décadas de 70 e 80, quando o Rio foi dividido em territórios controlados pelos principais banqueiros do bicho. Ao contrário de outros bicheiros, Piruinha não buscou ostentação ou disputas públicas por poder, preferindo um perfil mais reservado.

Sua influência, no entanto, foi inegável. Apesar de manter distância dos holofotes, sua atuação era vista como determinante nas regiões de Madureira, Cascadura, Abolição, Piedade, Inhaúma e Maria da Graça. A relação com o Carnaval também foi forte, com destaque para sua família, que tem uma ligação de longa data com a Portela, uma das maiores escolas de samba do Rio. Seu filho, Luís Carlos Escafura, foi presidente da agremiação, e seu neto, Junior Escafura, ocupa atualmente o cargo de vice-presidente.

Piruinha foi condenado em 1993, junto a outros 13 bicheiros, por formação de quadrilha, sendo sentenciado a seis anos de prisão, pena que foi reduzida pelo Supremo Tribunal Federal. Sua figura ganhou ainda mais destaque com a exibição de sua participação na série documental “Vale o Escrito: A Guerra do Jogo do Bicho”, da Globoplay, onde compartilhou suas vivências no mundo do jogo e sua relação com o Carnaval.

Além disso, Piruinha teve uma família numerosa, sendo pai de 27 filhos, um reflexo tanto de sua vida pessoal quanto de sua influência nas comunidades em que atuava.