PT abre mão da vice-prefeitura do Rio e dá ‘cheque em branco’ a Eduardo Paes

Partido aceitou composição ‘puro-sangue’ do PSD de olho nas eleições de 2026

O PT deu uma espécie de cheque em branco para o candidato à reeleição Eduardo Paes (PSD) no Rio. Antes mesmo do atual prefeito escolher o companheiro de chapa— que deve ser Pedro Paulo ou Eduardo Cavaliere, ambos do PSD —, o partido oficializou em convenção o apoio a ele. A postura segue uma lógica tradicional da sigla no Rio: a de priorizar o jogo nacional. A aposta agora está na força do prefeito como cabo eleitoral do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2026.

A decisão sobre o apoio antes seguiu a lógica de outros partidos da aliança com o candidato do PSD. No caso petista, contudo, ganha especial holofote pelo fato de a legenda ter tentado o posto na chapa muito mais do que os outros. Os principais cotados foram André Ceciliano e Adilson Pires.

— O Eduardo é o prefeito do Sul e do Sudeste mais importante para a reeleição de Lula em 2026, e publicamente já declarou esse apoio. Garantir essa reeleição do prefeito no primeiro turno é fundamental para o PT — afirma o presidente estadual do partido, João Maurício de Freitas.

O PT entende, assim como fez no passado, que é fundamental ter cabos eleitorais no Rio que não fiquem limitados à esquerda. O próprio Paes foi um importante aliado do partido na cidade na outra passagem pela prefeitura. No segundo mandato (2013-2016), chegou a ter o petista Adilson Pires de vice, mas o cargo naquela ocasião tinha um peso diferente. Agora, o prefeito deve deixar o eventual novo mandato no meio para concorrer ao governo do estado em 2026, o que faria o vice assumir a prefeitura.

Cobrança

Presidente municipal do PT, Tiago Santana segue a mesma lógica do dirigente estadual. Mas, apesar de endossar a reeleição de Paes, cobra que o prefeito “divida o mérito” com o presidente durante a campanha e o inclua na propaganda eleitoral.

— A justificativa é toda essa: o compromisso do Eduardo com o Lula, que ele ratificou que vai fazer. Mesmo naquela convenção tão ampla (do PSD), que ia do PT ao Otoni de Paula, ele já pontuou isso. Disse que o Lula é importante, parceiro, e é isso que queremos. Vamos querer também que ele inclua o Lula na propaganda eleitoral, porque o Lula é um ativo — aponta. — Muitas das coisas que a prefeitura tem feito são com recurso federal, então nada mais justo que dividir esse mérito.