MP, PF e Polícia Civil investigam influência de ex-secretário de saúde do Rio em contratos 

Primo do deputado Doutor Luizinho (PP) é sócio de duas empresas que prestavam serviços ao governo estadual. Uma delas é de onde partiram laudos errados que permitiram transplantes de órgãos com vírus HIV

Matheus Sales Teixeira Bandoli Vieira, sócio-diretor do PCS Lab Saleme, está sendo investigado pelo Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) em relação à contaminação de pelo menos seis pessoas por HIV após transplantes de órgãos. Vieira, que também possui outra empresa com contratos na rede de saúde estadual, tem uma ligação familiar com o deputado federal Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior, ex-secretário de Saúde do Rio, levantando suspeitas sobre possíveis irregularidades na contratação do laboratório durante o mandato do parlamentar.

A dentista Débora Lúcia Teixeira Medina de Figueiredo, irmã do ex-secretário, atua na Fundação Saúde. O Doutor Luizinho é associado à nomeação de sua sucessora, Cláudia Mello, que anteriormente foi subsecretária de Vigilância em Saúde. Cláudia declarou não ter conhecimento sobre os laços entre a empresa investigada e o ex-secretário, afirmando que a contratação foi feita pela Fundação Saúde sem seu conhecimento.

A situação envolvendo o MPRJ e Doutor Luizinho revela preocupações sérias sobre a licitação e a prestação de serviços de saúde no estado. A investigação da 5ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva da Saúde aponta possíveis irregularidades, incluindo a influência de Luizinho no processo licitatório e a prestação inadequada de serviços.

Além disso, a ligação de Matheus Vieira com a Quântica Serviços de Radiologia, que recebeu um contrato substancial sem licitação, levanta questões sobre a transparência e a legalidade dos processos de contratação. A defesa de Luizinho de que não participou diretamente da contratação do laboratório sugere um possível afastamento pessoal, mas a interconexão entre os envolvidos e as contratações feitas sem licitação continuam a ser focos de investigação.

Essas situações, se comprovadas, podem resultar em consequências legais significativas e em uma reavaliação da governança das contratações de serviços de saúde no estado.

A situação envolvendo a infecção de pacientes após transplantes no Rio de Janeiro é alarmante. A Secretaria Estadual de Saúde (SES) defende que sua função é fiscalizar as Organizações Sociais de Saúde, enquanto as investigações do MPRJ, Polícia Civil e Federal buscam esclarecer as responsabilidades pelo erro inédito.

O caso teve início após complicações neurológicas em um paciente transplantado, levando à análise de exames realizados pelo laboratório PCS Lab Saleme, que foi interditado. Desde janeiro de 2023, o laboratório recebeu mais de R$ 20 milhões do governo, prestando serviços a várias unidades de saúde.

O MPRJ exigiu que a SES forneça laudos de inspeção e sindicâncias relacionadas aos eventos adversos, além de solicitar que a Anvisa faça o mesmo. A gravidade da situação e a quantidade de recursos envolvidos destacam a necessidade de uma investigação minuciosa.

As investigações estão em andamento, com sindicâncias administrativas abertas pela Secretaria Estadual de Saúde, Anvisa e Cremerj. O Laboratório PCS também instaurou uma sindicância e se compromete a ajudar os pacientes afetados e colaborar com as autoridades.

Um parente de um dos pacientes contaminados com HIV após o transplante relatou à BandNews FM que a cirurgia foi realizada em um hospital particular, devido ao plano de saúde da família. Uma ligação da equipe médica após o procedimento trouxe preocupações, orientando-os a buscar um infectologista imediatamente. O parente expressou a dor e a dificuldade da situação, enfatizando que agora estão lutando para iniciar o tratamento o quanto antes.