Os Estados Unidos apreenderam o avião do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, na República Dominicana. Segundo avança a CNN Internacional, as autoridades norte-americanas determinaram que a sua aquisição violava as sanções do país e a aeronave foi levada para o estado da Florida.
“Apreender o avião de um chefe de Estado estrangeiro é algo inédito em questões criminais. Estamos enviando aqui uma mensagem clara de que ninguém está acima da lei, ninguém está acima do alcance das sanções dos EUA”, disse um responsável norte-americano à CNN.
Já em comunicado, o procurador-geral norte-americano, Merrick Garland, confirmou que “o Departamento de Justiça apreendeu um avião” que teria “sido adquirido ilegalmente por 13 milhões de dólares [cerca de 80 milhões de reais], através de uma empresa de fachada, e contrabandeado para fora dos Estados Unidos para ser utilizado por Nicolás Maduro e os seus comparsas”.
Ainda de acordo com o Departamento de Justiça, o avião – um Dassault Falcon 900EX – foi comprado a uma empresa na Flórida e ilegalmente exportado em abril de 2023 dos Estados Unidos para a Venezuela através do Caribe.
Desde então tem sido usado para voar “quase exclusivamente de e para uma base militar na Venezuela” para as viagens internacionais de Maduro.
Segundo a CNN, as autoridades americanas trabalharam em estreita colaboração com a República Dominicana, que notificou a Venezuela sobre a apreensão.
Em 22 de agosto, o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela, controlado pelos chavistas, validou a reeleição de Maduro para um terceiro mandato presidencial de seis anos, nas eleições de 28 de julho – uma validação de vitória rejeitada por numerosos países que instaram as autoridades venezuelanas a divulgarem os resultados eleitorais detalhados.
Nicolás Maduro, de 61 anos, foi, após o ato eleitoral, proclamado vencedor das presidenciais, com 52% dos votos, pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) que, no entanto, não divulgou as atas das assembleias de voto, afirmando-se vítima de um ato de ataque informático.
Tal argumento foi então considerado pouco credível pela oposição e por numerosos observadores, que nele viram uma manobra do poder para evitar ter de apresentar a contagem de votos exata.
O anúncio da reeleição de Maduro no escrutínio de julho desencadeou manifestações espontâneas, que foram violentamente reprimidas. Os protestos causaram pelo menos 27 mortos e 192 feridos e 2.400 pessoas foram detidas, de acordo com fontes oficiais.
Segundo a oposição, que tornou públicas as atas de votação obtidas graças aos seus escrutinadores, o seu candidato, Edmundo González Urrutia, venceu as eleições com mais de 60% dos votos.
Sem as mostras, o TSJ assegurou em 22 de agosto ter verificado as atas da votação que lhe foram entregues pelo poder, bem como a veracidade do ataque informático ao CNE.
Os Estados Unidos e dez países latino-americanos rejeitaram nesse dia, num comunicado conjunto, a validação pelo TSJ dos resultados eleitorais, argumentando que a vitória presidencial de Maduro foi anunciada “com base numa ata de resultados parcial, emitida de forma oral, com números que evidenciavam impossibilidades matemáticas e sem apresentar os resultados em separado”.
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