FÁBIO PESCARINI
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – No lugar da entrada principal, entre a rua São Joaquim e a avenida da Liberdade, vai surgir uma praça, com árvore, jardineiras e local de convivência. O futuro espaço faz parte da reformulação da estação São Joaquim, da linha 1-azul do metrô de São Paulo, em obras de expansão desde março.
A ampliação da velha parada de trens no bairro da Liberdade, região central da cidade, ocorre por causa da interligação com a futura linha 6-laranja. A estimativa é que o número de passageiros que embarcam ou descem ali salte dos atuais 35 mil para 200 mil pessoas ao dia, quase seis vezes.
A estação, inaugurada em 17 de fevereiro de 1975, passará de 6.000 m² para cerca de 9.000 m² de área construída. A obra, orçada em pouco mais de R$ 358 milhões, é tocada sem interromper a circulação de trens.
Outro desafio é manter as características originais de layout e de arquitetura da linha 1-azul, a primeira do metrô paulistano –ela completará 50 anos no próximo dia 14– e implantar soluções adotadas nos ramais mais novos.
Parte da avenida da Liberdade já está interditada ao tráfego. Mas as intervenções vão aumentar a partir do mês que vem e devem seguir, em esquema de revezamento de mão de trânsito, até a inauguração, prevista para meados de 2026, último ano do mandato do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e quando se estima que ao menos parte da linha 6-laranja fique pronta.
Embaixo da via, onde nos dois sentidos passam, em média, 29 mil veículos por dia, será construído um mezanino de integração, com cerca de 50 metros de extensão, para ligar a atual estação à da nova linha, que terá o mesmo nome. Ambas ficam na avenida da Liberdade.
Considerada rasa, os 15 metros de profundidade da estação da linha 1 contrastam com a homônima da linha 6, com seus 54 metros. A ideia é que os passageiros não percebam a diferença na integração.
Atualmente o Metrô está abrindo caixas na calçada da avenida para enterramento dos fios de energia e de telecomunicações, pois postes serão retirados para as escavações.
Em outra frente de trabalho, em um terreno ao lado da estação, está sendo feita a fundação para a construção de um prédio de sete andares –sendo que três serão subterrâneos. A estrutura operacional do local ficará toda neste edifício.
“Será o mesmo padrão de linhas mais novas, como as 4 [amarela] e 5 [lilás], onde o setor operacional fica fora da estação”, diz o engenheiro Danilo Rodrigues, do Metrô.
A partir do funcionamento deste novo prédio, previsto para até o fim do ano que vem, começa a demolição –de fora para dentro– de estruturas da São Joaquim, para aumentar os espaços.
O número de escadas rolantes passará de oito para 15 e a quantidade de elevadores aumentará de três para seis equipamentos.
A plataforma de embarque dobrará de largura e até a inauguração, passageiros poderão ter de conviver com o barulho dos trens e das obras.
“Toda a estação sofrerá intervenções parciais, mas ela não vai parar”, diz o engenheiro.
A São Joaquim ficará mais limpa, com grandes vãos para garantir a passagem de mais pessoas, projetados a partir de escaneamento a laser com precisão milimétrica.
Esse levantamento das informações resultou em um modelo em três dimensões da construção.
“A partir desse projeto em 3D tiramos os desenhos técnicos e detalhamento para a execução de obra”, afirma o supervisor de serviços Ivo Mainardi, que manuseia imagens tridimensionais da “nova estação” em um tablet para analisar dados técnicos.
Um software simulou o movimento da estação no futuro, com fluxos de passageiros em horário de pico, inclusive de idosos ou deficientes, para definir locais para instalação de escadas fixas e rolantes, por exemplo. “Essa simulação traz bastante precisão para as decisões de projeto”, diz Mainardi.
Pequenos robôs fazem o monitoramento topográfico das vias, com medições horárias, para checar se as escavações externas não comprometem a passagens dos trens.
A entrada principal terá três acessos, sendo um deles na rua São Joaquim para que as pessoas não precisem subir toda a ladeira até a avenida da Liberdade.
O Metrô também irá construir um acesso novo na rua Piratingui, mas esse no padrão, inclusive de cores, da linha 6-laranja –o acabamento será feito pelo consórcio responsável pela futura linha.
“Será uma nova estação, com todas as diretrizes atualizadas das linhas mais modernas”, afirma o engenheiro Rodrigues.