Disputa eleitoral entre Kamala Harris e Donald Trump ocorre nesta terça-feira (5). Veja ainda relato de quem vive nos EUA mas ainda não pode votar: ‘é como assistir meu futuro sendo decidido pelos outros’. Brasileiras que se tornaram cidadã americana votam na eleição de 2024
Rita Bias Marston/Leonardo Munoz/Priscila Zwar
Votos de milhares de brasileiros que se tornaram cidadãos americanos também vão ajudar a definir a eleição nos EUA, que ocorre nesta terça-feira (5), numa disputa acirrada entre a democrata Kamala Harris e o republicano Donald Trump.
De acordo com dados do Ministério das Relações Exteriores (MRE), são 1,9 milhão de brasileiros vivendo nos Estados Unidos. Mas quem tem cidadania americana não precisa estar no país da América do Norte para votar.
Uma moradora de São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos do Rio, que preferiu não se identificar, conversou com o g1 sobre o exercício da cidadania mesmo estando no Brasil. Ela morou por 30 anos nos EUA, e há 20, se tornou cidadã americana. Ao lado do marido, que é americano, votou nas eleições no mês passado.
“Como somos cidadãos, eles mandaram o cartão para votar por e-mail. Nós imprimimos, marcamos nossa escolha, escaneamos e mandamos por e-mail novamente”, contou.
Eleição nos Estados Unidos
Jornal Nacional/ Reprodução
A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil orienta em sua página na internet como o eleitor pode exercer o direito ao voto mesmo estando em outro país. O processo envolve preencher um formulário solicitando aos estados americanos (isso desde 1º de janeiro) cédulas eleitorais de voto a distância (absentee ballots).
Ainda de acordo com a embaixada, a maioria dos estados aceita a devolução da cédula de votação preenchida on-line, e que, em caso de exigência da cédula em papel, é possível entregar gratuitamente na embaixada ou consulados dos EUA mais próximo.
“Cada estado dos EUA possui prazos diferentes para solicitação, envio e recebimento da cédula de votação. Para cidadãos norte-americanos que residem fora dos Estados Unidos, a opção mais comum de voto é pelo correio. No entanto, alguns estados também aceitam votos enviados por fax ou e-mail, proporcionando alternativas adicionais para garantir que esses votos sejam contabilizados”, disse ao g1, a Assessoria de Imprensa da Embaixada dos Estados Unidos.
No caso da moradora de São Pedro da Aldeia, foi possível fazer por e-mail. Ela conta que mora na cidade com o marido há 3 anos, mas toda família continua nos Estados Unidos, sendo parte republicana e outra, democrata. Uma divisão, desta vez, sem conflito.
“Mas não teve briga, aprendemos a respeitar um ao outro”, explicou, lembrando que nas eleições passadas chegou a colocar o marido para dormir no sofá.
A eleitora contou ainda que a família normalmente vota pelo partido, às vezes nem gosta do candidato, mas continua votando no mesmo partido por uma questão de tradição.
Brasileiros nos EUA e os primeiros votos
Priscila irá votar pela primeira vez nos Estados Unidos
Priscila Zwar/arquivo pessoal
A Priscila Zwar é natural de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, e foi morar nos Estados Unidos em 2017. Ela se tornou cidadã americana em setembro de 2023, e, pela primeira vez, vai votar no país, isso por meio do cartão postal.
“Eu acho muito estranho, de uma forma geral, porque é tudo pelo correio e é diferente do que acontece no Brasil, sabe? Eu tenho até 11h59 da noite de hoje para depositar meu voto, e eu recebi meu ballot no meio de outubro”, disse a eleitora, que já havia preenchido os documentos para votação.
Priscila contou ainda que os moradores ganharam um livrinho com as opções de voto e a biografia dos candidatos.
Rita é natural de Cabo Frio e vai votar pela segunda vez nas eleições americanas
Rita Bias Marston/Arquivo pessoal
Rita Bias Marston é natural de Cabo Frio, na Região dos Lagos do Rio, e vive há 18 anos nos EUA. Ela é cidadã americana há seis anos e vai votar pela segunda vez.
“Votar é uma parte essencial do engajamento cívico. É ter voz ativa em coisas que importam para o país”, disse.
Ela vive em New Jersey e disse que por lá o clima está bem tranquilo, bem diferente da última eleição no país.
“Estou passando pelos locais e está bem tranquilo, e as pessoas também votaram com antecedência”, conta.
Nos EUA sem poder votar
Já Lívia Brow mora nos Estados Unidos há 6 anos e é casada com um americano, mas ainda não possui a cidadania, apenas o green card – permissão para morar no país.
“Como não posso votar ainda, é como assistir meu futuro sendo decidido pelos outros”, afirmou Lívia.
Ela vive no estado de Maryland e disse que o clima no local também está tranquilo. É um estado normalmente democrata, mas explica que mora em uma área bem republicana.
“Muitas placas de apoio ao Trump, mas tem algumas de apoio à Kamala em menor número. Não houve qualquer problema aqui, de violência ou qualquer coisa assim”, contou.
Livia vive há anos nos EUA, mas ainda não é cidadã americana e por isso não pode votar
Lívia Brow/Arquivo pessoal