RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) – Fernando Diniz falou pela primeira vez após a demissão do Fluminense, e não segurou as lágrimas. O treinador lamentou a saída do clube das Laranjeiras e deixou os próximos na carreira em aberto.
“Entrevista difícil como nunca aconteceu na minha carreira. Estou muito mexido com a minha saída por tudo que representa o Fluminense, e tudo que vivemos. É uma entrevista para me despedir da torcida. Estão sendo dias bem difíceis para digerir. Vai passar e vai ficar todo mundo bem”, afirmou o treinador.
O QUE MAIS ELE FALOU
Futuro no mercado
“Eu não pretendo trabalhar imediatamente, mas não sei se vou trabalhar esse ano. Eu preciso descansar um pouco. Estou muito mexido com o que aconteceu. É um sentimento grande de gratidão, pelo Fluminense. E um sentimento grande de tristeza, não queria que terminasse assim. Muita emoção vivida para mim e minha família. Vai ficar marcado, sou assim. Quis muito estar aqui de volta e tenho certeza que deu certo. Peço desculpa pelo momento que a gente está passando, de não conseguir vencer, mas nunca faltou entrega e coragem para conseguir. O futebol para mim nunca foi mecânico, apartado da vida, do sofrimento, do choro e da alegria. Vou continuar assim”.
Fora os títulos, qual o ponto alto nesta passagem no Fluminense?
“Vou citar um jogador, do futebol como meio de transformação. Posso falar do Arias. Era um menino com potencial imenso e cheio de dúvidas sobre o próprio talento e sobre quem ele era. A vida da gente meio que vai se confundindo com o futebol. Em 2022, tive muitos embates com ele. Alguns oportunistas, se visse à beira do gramado, iriam julgar como desrespeito. Tive embates para poder germinar. Não aparece na televisão, tem muitas conversas de carinho para ajudar. Em 2022, ele falou, depois da oração: “tenho de agradecer esse cara, olho no espelho e tenho orgulho de quem eu vejo”. Esses títulos que vocês não veem, ou [não] reconhecem, é minha maior função. Isso modificou a vida dele, a maneira como encara o mundo. Ele é uma pessoa inteira, bonita, e se vê capaz de jogar em qualquer lugar. Quando você tem pessoas assim, os títulos vão vir. Posso falar de muitos jogadores”.
Acertos e erros
“Tudo certo para quem analisar racionalmente, vai achar que é tudo certo. Estar na zona de rebaixamento não é tudo certo. Falo na coisa essencial, deu tudo certo. O propósito de entregar a Libertadores. Nada ensina mais que experiência. Sou cabeça dura com algumas coisas mas quando aprendo, aprendo de verdade. Cometo muitos erros, mas sou transparente. Não escondo defeitos. No campo, é o melhor Fernando. Não tenho preocupação com julgamentos, sei o que estou fazendo e o meu chamado. A gente vai se corrigindo com nossas imperfeições. De fato, voltei com outras experiência. Tinha muita segurança para voltar, quando mandei mensagem para o Mario. “Está na hora de retornarmos, tem coisa inacabada”.
Perfil do elenco
“Vocês [jornalistas] têm falado constantemente: “O Fluminense montou elenco com a cara do Diniz”. Onde que tem isso? O elenco de 2022 eu não montei e a gente melhorou. Quem chegou em 2023 foi o Keno. Em 2023, falei que Arias, Nino e André não daria para substituir. Eu também tinha propostas para sair, mas nós ficamos. De 2023 para 2024, tínhamos expectativa de sair o Arias e o André. Como vai repor? Perdemos o Nino, vai chegar o Thiago no meio do ano. Eu pedi um jogador, para fazer esforço para a contratação: o retorno do Luiz Henrique. E o Mario [Bittencourt] fez de tudo, nas condições que tem. O Botafogo fez um estalo e levou. Não vai com o peso que teria aqui. Essa é a realidade do Fluminense. Para o torcedor tudo bem, mas a gente que é pago pelo futebol. A torcida emprega vocês e a gente. Ele não montou um time para mim”.