Prefeitura de Campos aciona Ministério Público após constatar que indivíduos em situação de rua, inclusive famílias com crianças, estão sendo “despachados” de Vitória (ES) com promessas falsas de emprego e acolhimento.
A Prefeitura de Campos dos Goytacazes, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (SMASC), formalizou uma grave denúncia institucional contra órgãos de outras municipalidades, incluindo a capital capixaba, Vitória (ES). O motivo é o encaminhamento de pessoas em situação de rua para Campos, sob a alegação de falsas promessas de vagas em abrigos e oportunidades de emprego.
Nesta semana, a situação se agravou com a chegada de cerca de 15 indivíduos, que relataram ter sido enviados por um albergue de Vitória. Um dos casos constatados pela equipe do Centro de Referência Especializado para População em Situação de Rua (Centro Pop) envolveu uma família, com pais e duas crianças, que chegou à cidade de madrugada em condição de vulnerabilidade extrema.
O Secretário Municipal de Assistência Social e Cidadania, Rodrigo Carvalho, declarou que os casos de envio por órgãos oficiais de outros municípios serão remetidos ao Ministério Público e à Justiça para que sejam tomadas as medidas legais cabíveis. O secretário classificou a prática como desumana, afirmando que as pessoas estão sendo tratadas “como se fossem objetos”.
A Subsecretária Grazielle Gonçalves reforçou que a premissa da assistência social é o vínculo, e que Campos, ao promover o retorno voluntário de seus usuários para cidades de origem com laços familiares, o faz “com dignidade”, prestando suporte logístico.
A coordenadora do Centro Pop, Claudia Moura, explicou que foi feito contato com o albergue de Vitória, que teria afirmado haver vagas em Campos, o que não corresponde à realidade ou ao protocolo. De janeiro a agosto de 2025, o Centro Pop já atendeu aproximadamente 45 pessoas que solicitaram apoio para retornar às suas cidades de origem, muitos após serem atraídos por promessas de emprego não concretizadas.
A denúncia formaliza uma crise humanitária de gestão social que exige intervenção dos órgãos de controle interfederativos.