Na manhã desta quarta-feira, 21 de maio de 2025, Campos dos Goytacazes testemunhou mais um capítulo da crise no transporte alternativo. Permissionários do Setor C, responsáveis por linhas que atendem regiões como Morro do Coco, Santo Eduardo, Santa Maria, Vila Nova e outras localidades do Norte do município, paralisaram suas atividades e realizaram um protesto em frente ao Centro Administrativo José Alves de Azevedo, sede da Prefeitura.
Os manifestantes alegam que, desde janeiro, os repasses da tarifa social — mecanismo pelo qual a Prefeitura subsidia parte do valor das passagens — vêm sendo realizados com descontos de até 60%. Segundo Jefferson Manhães, representante dos permissionários, a empresa Riocard e o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) justificam os cortes apontando “inconsistências” nos relatórios de bilhetagem, sem apresentar provas concretas.
Além disso, diversos cartões de usuários foram bloqueados, afetando diretamente a população que depende do serviço para se locomover. A situação financeira dos permissionários se agravou, com valores bloqueados que, somados, ultrapassam R$ 100 mil, conforme estimativas dos próprios motoristas.
Em reação à paralisação, o presidente do IMTT, Álvaro Oliveira, anunciou a abertura de processos administrativos contra os permissionários que interromperam o serviço. Ele classificou a atitude como um “atentado à coletividade” e determinou a substituição imediata das vans por ônibus nas linhas afetadas, visando garantir a continuidade do transporte público.
A paralisação afetou milhares de moradores das regiões Norte e rural de Campos, que ficaram temporariamente sem transporte público. A substituição por ônibus foi implementada, mas usuários relatam dificuldades e atrasos.
Esta não é a primeira vez que os permissionários do Setor C protestam contra a gestão municipal. Em março deste ano, uma paralisação parcial foi realizada devido a atrasos nos pagamentos dos subsídios. A recorrência dos conflitos evidencia a necessidade urgente de diálogo entre as partes para evitar o colapso do sistema de transporte alternativo, essencial para a mobilidade de comunidades periféricas e rurais.
A situação também levanta questões sobre a transparência na gestão dos recursos públicos e a eficácia dos mecanismos de fiscalização e controle. A falta de clareza nas justificativas para os descontos nos repasses e o bloqueio de cartões de usuários sem explicações convincentes geram desconfiança e revolta tanto entre os permissionários quanto na população.
A crise no transporte alternativo de Campos dos Goytacazes reflete problemas estruturais na gestão pública e na relação entre o poder municipal e os prestadores de serviço. A ausência de diálogo efetivo e a adoção de medidas punitivas sem a devida negociação podem agravar ainda mais a situação, prejudicando a população que depende diariamente desse serviço essencial.
É imperativo que a Prefeitura e os permissionários encontrem uma solução equilibrada e transparente, garantindo a continuidade e a qualidade do transporte público no município.