Segundo parentes, o lavrador Adilson Corrêa lutava contra a depressão e tinha problemas com o álcool
O lavrador Adilson de Lima Corrêa, de 45 anos, morto numa colisão com um Porsche na última quinta-feira em Teresópolis, na Região Serrana, já havia sofrido um acidente grave há cerca de dois anos, contam parentes. Segundo um de seus sete irmãos, Fábio de Lima Corrêa, há cerca de dois anos o lavrador ficou 15 dias em coma após sua motocicleta bater em um poste. Desde então, ele passou a enfrentar problemas com o álcool e a apresentar um quadro de depressão.
Adilson foi atingido pelo Porsche após deixar um bar na Rodovia Rio-Bahia, no bairro de Persegueiros. O carro de luxo, um conversível modelo Boxster, pertence ao influenciador Renan Rocha da Silva, de 24 anos. Também conhecido como Renan do Grau e “carioca maluco”, ele usa a rede para compartilhar vídeos em que exibe arriscadas manobras de moto — prática conhecida como “grau” —, além de divulgar viagens e sortear veículos.
Além do acidente que o deixou em coma, o lavrador quase morreu no mês passado, quando cruzou de carro na frente de um caminhão, diz Fábio, que é mecânico. Os dois moravam juntos em uma área rural do bairro.
— Infelizmente aconteceu o pior, mas o Adilson já tinha se envolvido em vários acidentes. Foi uma fatalidade. A verdade é que ele perdeu a vontade de viver – lamentou Fábio. — O médico achou que ele perderia a visão. Foi uma recuperação muito difícil. No mesmo período, ele se divorciou e ainda se afastou das filhas. Desde então, ele foi perdendo tudo.
O primo Evaldo Oliveira Silva, de 43 anos, conta que a família chegou a esconder o veículo e cortar os fios da motocicleta para evitar que ele continuasse saindo de casa. Segundo Silva, Adilson era muito querido, mas estava fazendo “muito mal a ele mesmo”.
— Foi muito triste o que aconteceu, ele era muito querido. Mas meu primo também não estava certo naquele momento. Pelo vídeo do local, dá para ver que ele atravessa na frente do Porsche, nem sei se seria possível parar — diz ele.
À espera das investigações
Em relação ao questionamento de quem seria o verdadeiro condutor do Porsche, a família afirmou que aguarda o fim das investigações.
— Na minha visão, o motorista do carro não tem culpa da morte. Acho que não dava para evitar, infelizmente. Agora, se houve outro crime, a pessoa precisa prestar contas de acordo com a lei — afirma o primo.
Segundo as investigações, Renan foi visto dirigindo o conversível minutos antes da batida na última quinta-feira. A sua defesa, no entanto, diz que ele não estava ao volante do veículo.
A câmera de segurança de um posto de gasolina mostra imagem que seria do influenciador descendo do carro para calibrar os pneus. Ele passa cerca três minutos no local e sai, por volta das 00h40, em alta velocidade. Em depoimento à polícia, o frentista do estabelecimento contou que Silva estava sozinho e foi embora “cantando pneu”.
Ao chegarem no local do acidente, porém, os agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) não encontraram o influenciador, e sim outro jovem. Identificado como Pablo Gonçalves Pinto, ele assumiu a responsabilidade do ocorrido e foi encaminhado à delegacia.
O irmão e o primo do lavrador também reclamam da falta de radar de velocidade no trecho do acidente:
— No retorno onde o acidente aconteceu, tem duas placas que prejudicam muito a visão. E não tem nenhum radar ou quebra-molas, mesmo sendo um local com comércio e igreja. Se fosse diferente, talvez o Adilson estivesse vivo — conta Evaldo.