Quando anunciou que encerraria as atividades após 53 anos de funcionamento, o Externato João XXIII não deixou apenas saudades aos colaboradores e alunos, também deixou dívidas com alguns funcionários que ainda estavam trabalhando na escola.
Uma pessoa, que preferiu não se identificar, mas estava representando o grupo, revelou que são quatro meses de salários atrasados, além das férias de janeiro. Outro agravante é que não foi dada baixa na carteira de trabalho dos funcionários, sendo assim, não conseguem receber a rescisão e o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Confira a lista completa de pendências:
- Férias + 1/3
- Salários (Fev, Abr, proporcial de Maio)
- Salário de Março (apenas alguns)
- Rescisão
- FGTS não depositado
- INSS não pago (mas descontado)
“Teve funcionário sendo despejado de casa por não conseguir pagar aluguel. A diretora sempre pedia para continuarmos acreditando na escola, falou que ia vender o apartamento para nos pagar, depois falou que tinham investidores para comprar a escola. Mas nada mudou.”
Nota oficial
Alguns funcionários já entraram na justiça contra o Externato João XXIII, buscando seus direitos. Uma nota oficial também foi enviada para o Manchete RJ, confira na íntegra:
“É com indignação e profundo desapontamento que nós, ex-funcionários do Externato João XXIII, expressamos nossa reprovação a sua gestão, que de forma irresponsável e desumana, não efetuou o pagamento de salários a seus funcionários, isso não apenas no último mês quando a empresa fechou as portas, mas desde o mês de Janeiro, incluindo as férias referentes ao ano anterior. No ano corrente, alguns funcionários receberam de maneira parcelada, apenas o mês de março.
Nós, enquanto funcionários, demos todos os créditos pedidos repetidas vezes pela gestão, que apesar disso, não honrou seus compromissos conosco, nem mesmo pagando os salários atrasados após a venda de itens e mobiliários da escola. Esta atitude não apenas viola os direitos trabalhistas mais básicos, como também demonstra um completo desrespeito pela dignidade das famílias afetadas: pessoas idosas que só tinham esse sustento e pais de família que não tinham de onde tirar para alimentar seus filhos.
Além dos ordenados atrasados, não foi pago INSS e não possuímos depósito de FGTS, mesmo tendo sido descontado dos nossos contracheques por todos esses anos. Não tivemos sequer, acesso ao seguro desemprego.
Hoje, pedimos a sociedade que não se compadeça da gestão escolar, mas sim dos ex-funcionários que padecem, sem mesmo terem tido condições de honrar seus compromissos, e alguns até mesmo de se alimentar, dependendo da caridade de parentes e amigos, enquanto a gestão, se esbanja em festas, jantares em restaurantes caros e até mesmo em viagens.
A falta de pagamento salarial revela uma gestão falha, incompetente e sem nenhum compromisso com os colaboradores, que dedicaram tempo e esforço ao cumprimento de suas obrigações.
Esperamos que a conduta negligente e desrespeitosa dessa empresa não seja tolerada pela comunidade e pela sociedade em geral. Acreditamos que com essa carta, sejam reconhecidos os verdadeiros “Guerreiros” dessa instituição: os funcionários! Eles se doaram, mesmo vivendo essa situação de atrasos salariais nos últimos anos, que foi piorado no ano presente. Nos últimos 5 meses da instituição, eles permaneceram em suas funções, mesmo sem condições de trabalho, com emocional abalado, com a saúde debilitada e com dívidas pela falta de rendimentos. Que esta situação seja tratada com a seriedade e a urgência que merece, e que ecoe por toda sociedade a falta de competência e compromisso dessa gestão, além do descaso e desprezo pelo sofrimento já causado a todos pela má gestão.“
Fonte: Manchete RJ