SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A instalação do gramado do estádio do Pacaembu, agora Mercado Livre Arena, foi concluída em março deste ano. A troca do gramado natural pelo sintético é apenas uma das mudanças no tradicional estádio da capital paulista, que tem previsão de reabertura gradual a partir de 29 de junho -com oito meses de atraso em relação à previsão original.
O prazo divulgado pela Allegra Pacaembu, que tem a concessão até 2054, vem sendo testado durante a reforma.
Com capacidade para receber 35 mil espectadores em jogos e 40 mil em shows, o projeto do novo Pacaembu conta ainda com hotel, restaurantes e comércios. Haverá também uma piscina, um centro de tênis e um ginásio poliesportivo -onde, segundo a empresa responsável pelas obras, está o principal empecilho para a reabertura total do espaço.
“O problema hoje é atrelado ao ginásio poliesportivo com data [de conclusão] no final de agosto. Encontramos uma situação bastante dramática e com risco de colapso na estrutura”, disse Rafael Carvalho, diretor da Allegra, no dia 30 de abril, em uma mesa técnica no TCM (Tribunal de Contas do Município). Na época, ele estimou que o complexo estaria operando totalmente apenas no início de 2025.
A reforma começou em junho de 2021, e desde então a relação entre a concessionária Allegra Pacaembu e a Prefeitura de São Paulo tem momentos de tensão.
O conflito começou em 2022, quando a prefeitura anunciou que não entregaria a praça Charles Miller para a empresa. Na ocasião, a Allegra pedia compensações por um prejuízo que estimou em R$ 22 milhões, provocado por três fatores: impossibilidade de realizar eventos durante a pandemia; erros no cálculo do tamanho do terreno; e atrasos na emissão de licenças, autorizações e alvarás.
Em resposta, a gestão de Ricardo Nunes (MDB) argumentou que a pandemia não deveria justificar um reequilíbrio do contrato e afirmou que a Allegra teve receita com a operação do estádio durante os anos de reforma. A prefeitura disse também que a responsabilidade pelos estudos no terreno é da concessionária.
Em janeiro de 2024, os planos de reabertura do Pacaembu foram novamente frustrados.
O estádio sediaria a final da Copa São Paulo, conhecida como Copinha, mas o evento foi cancelado nove dias antes da data marcada.
No início do ano, a concessionária afirmava que as obras estavam “em ritmo acelerado” e que a abertura ocorreria em fases durante o primeiro semestre de 2024. Em 16 de janeiro, no entanto, a Federação Paulista de Futebol (FPF), junto à Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e a Allegra, cancelou o evento sob a justificativa de que a estrutura não era suficiente para tal.
“A decisão foi tomada após criteriosa análise de todos os envolvidos, prezando prioritariamente pela segurança e conforto de clubes e torcedores”, dizia nota divulgada na ocasião. O comunicado trazia ainda a promessa de que o estádio estaria pronto para receber o torneio em 2025.
Após o fracasso da final da Copinha –que acabou realizada na NeoQuímica Arena, casa do Corinthians–, o evento que sinalizaria o retorno do público ao Pacaembu seria um show de Roberto Carlos, previsto para abril. A expectativa, contudo, foi mais uma vez frustrada.
O cancelamento foi divulgado horas antes do show, após uma vistoria do Corpo de Bombeiros determinar que o local não era seguro para receber o evento. A concessionária discorda da determinação e afirma que seguia todas as normas vigentes na cidade.